.

.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Qi Gong (Chi Kung) Parte 2

Divisão histórica documentada

A história Chinesa do Qi Gong pode ser dividida em três grandes períodos de acordo com os registros escritos:

Período de introdução do I Ching (Yi Jing) - o Livro das Mutações, um pouco antes da

Dinastia Chou (1150-249 a.C.)
Período da introdução do Budismo – com forte influência da Índia por volta de 206 a.C., havendo assim uma mistura das práticas de meditação e de Yoga misturando-se ás técnicas do Qi Gong . A essa mistura se da o nome de Qi Gong Religioso.

Período do descobrimento da prática do Qi Gong com intuito de desenvolvimento marcial, para lutas, na época da dinastia Liang (502 - 557 d.C.), sobre esse último período há grande discussão entre as classes da China, cujo os documentos relatam de que os povos antigos já se utilizavam de treinos de Qi Gong para desenvolver ferramentas com o intuito de defender-se de animais e inimigos. No entanto, os primeiros registros de um sistema de Qi Gong marcial aparecem somente nos tratados dessa época.

Abrindo as portas fechadas

No inicio do século XX d.C. teve fim a época onde os treinos do Chi Kung que ainda eram mantidos em segredo. O motivo que levou ao fim desse confinamento foi o medo dos mestres de que a arte se perdesse como estava acontecendo com muitas práticas e tradições na época. Com os portos abertos e com a influência de outros povos essas práticas começaram a correr o risco de desaparecerem, então o Qi Gong começou a ser mesclados com práticas da Índia, Japão e outros países.

A prática do Chi Kung foi realizada durante muito tempo a portas fechadas, tanto as técnicas de elevação espiritual quanto para desenvolvimento marcial. Eram ensinadas de mestre a discípulos cuidadosamente escolhidos, normalmente de pai para filho.

A prática do Qi Gong e das artes antigas têm crescido muito no Brasil e no mundo, graças ao fato de que atualmente foi reconhecido pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e aprovado pela medicina ocidental como uma das terapias da MTC (Medicina Tradicional Chinesa) de grande valor para a recuperação de doentes e prevenção de doenças, sendo inserida em grande parte dos hospitais principalmente das grandes metrópoles, onde os resultados já estão mais do que comprovados.

Categorias de Qi Gong
1. Qi Gong dos eruditos
2. Qi Gong dos médicos
3. Qi Gong dos artistas marciais
4. Qi Gong dos monges ou religiosos

A Escola dos Eruditos

A escola dos eruditos era formada pelos Confucionistas e Taoistas. Os seguidores de Confúcio (séc VI a.C.) pregavam harmonia, paz, suavidade sinceridade, justiça e sinceridade, tendo como principal objeto de estudo os sentimentos humanos e a humanidade com sua forma de organização. Os Taoistas eram os seguidoresLao Tzu (Séc.VI aC) baseando-se no clássico da moralidade chamado Tao Te King que ao ser misturado com o budismo começou a ser tratado como religião.

Esses dois grupos acreditam que muitas doenças são causadas por desequilíbrios mentais e emocionais. E que o corpo humano está diretamente interligado entre si. Quando a mente não está bem, o corpo e o espírito também não estão. Esse tipo de Qi Gong tem a função de equilibrar o indivíduo de forma que ele possa se tornar uma pessoa correta e equilibrada. O principal exercício dessa escola é uma meditação chamada de “sentar na calma”, onde o praticante se senta confortavelmente e fica em silêncio.

A Escola dos Médicos

Na sociedade da China antiga a maioria das pessoas e dos imperadores respeitavam os eruditos e a sua filosofia, seguindo seus princípios. Porém os responsáveis pela manutenção da saúde e cura, os “curandeiros” (médicos) não eram bem vistos, porque eles faziam seus diagnósticos através de toques no corpo do doente, e eram por isso, considerados como classe baixa na sociedade.

Apesar dos médicos desenvolverem uma sofisticada e eficiente ciência na arte de cura eles eram desprezados e desrespeitados, mesmo assim continuaram suas pesquisas e estudos sobre as formas de se curar uma enfermidade. Esses estudiosos foram chegando á conclusão que praticar somente a meditação silenciosa para regular o corpo e a mente não era suficiente para curar o corpo; eles acreditavam que para aumentar a circulação do chi seria necessário encontrar alguma forma de gerar uma quantidade grande de Qi e depois movê-lo para desbloquear o corpo. Através da observação eles notaram que as pessoas que se movimentavam mais se exercitando, como os trabalhadores do campo, pessoas que dançavam, pessoas que riam e pessoas que se divertiam movendo o corpo tinham mais resistência e de alguma forma ficavam menos doentes.

Começaram então a testar diversos tipos de movimentos, e mediam a energia dos órgãos antes e depois dos movimentos. Assim puderam observar que movimentos específicos ativam o Qi em órgãos específicos.

Depois de algum tempo estudando e pesquisando, os médicos chineses encontraram os exatos movimentos que poderiam auxiliar na cura e até mesmo curar doenças, descobrindo também que a enfermidade num primeiro momento se deve á falta ou excesso de Qi num órgão, e só depois de um longo tempo sem energia é que os órgãos físicos são afetados. Se esse problema não for corrigido, o órgão adoecerá e irá aos poucos se degenerando, tornando a enfermidade cada vez mais difícil de ser sanada.

O Qi Gong praticado pelos médicos tem como principal objetivo a prevenção e cura de doenças tendo como recurso também o Qi Gong terapêutico, o Tao Qi, as técnicas de proteção, de purgação, e de limpeza de energia. O Qi Gong é apenas uma parte da medicina chinesa sendo as ervas medicinais, acupuntura, moxibustão e principalmente a massagem os maiores métodos de cura desse sistema.

A Escola dos Artistas Marciais

Os indícios mais remotos de Qi Gong marcial datam da dinastia Liang (502 - 557 d.C.) no Mosteiro Shao Lin durante a depois Bodhidharma ensinou os exercícios do legado de transformação dos músculos e tendões (Yi Jin Jing).

Quando os monges treinaram essa sequência de movimentos percebiam que não apenas melhoravam sua saúde como também aumentavam o poder de suas técnicas marciais. Desde essa época até os dias de hoje muitos estilos marciais desenvolveram conjuntos de Qi Gong para aumentar sua efetividade.

Existem duas divisões nesse tipo de Qi Gong:
Wai Dan – o elixir externo: que visa fortalecer os músculos concentrando a energia na parte externa dos músculos e é um caminho do exterior para o interior.
Nei Dan – a energia fortalecer primeiro o interior do praticante. Esse caminho demora mais pra atingir os músculos e estruturas externas do corpo. É o caminho do interior para o exterior.

A Escola dos Religiosos para a iluminação

Esse tipo de Chi Kung sempre foi mantido em total segredo e apenas neste século começou a ser revelado aos leigos. Na China os praticantes de Qi Gong religioso incluem Taoistas e Budistas. Eles procuram formas de se livrar do sofrimento humano e escapar do eterno retorno, buscando se livrar do “fardo” que todo ser vivo carrega. Acreditam que todos os sofrimentos humanos são causados pelas emoções e desejos e pela incapacidade de lidar com eles, causando assim todos os desequilíbrios.
Os praticantes treinam para fortalecer seu Qi interno nutrindo assim seu espírito para atingir os mais elevados estágios de consciência.
Por mais de dois mil anos os Budistas Tibetanos, os Budistas Chineses e os Taoístas tem seguido os mesmos princípios transformando-se nas três maiores escolas do Qi Gong religioso.

Chi Kung Budista Tibetano

Os povos tibetanos foram influenciados tanto pelos chineses quanto pelos indianos. Com o passar do tempo, desenvolveram seu próprio tipo de QiGong, e sua própria escola de Yoga, a Yoga Tibetana.

Os monges e professores tibetanos são chamados de Lamas, e muitos deles também aprenderam artes marciais e artes para defesa pessoal, e acabaram mesclando com as artes antigas que já haviam desenvolvido anteriormente.

O sistema de meditação, QiGong e Yoga Tibetana recebem o nome de MIH TZONG, que corresponde ao que na Índia se chama de Tantra Yoga Superior. Ao se misturar com as técnicas taoistas recebe o nome de Miao Tong Dao, que significa “estilo secreto”. Devido ás diferenças de idioma existem poucos documentos sobre isto na China. O Chi Kung Tibetano e as artes marciais do Tibet, não foram ensinados na sociedade chinesa, até o final da dinastia Ching (1644 -1911d.C.).


Um comentário: